1/10/2007

Ainda há pastores no TAGV

Eu estou ali, algures

Para minha surpresa, e para a de quase toda a gente, inclusivé dos autores, foi num TAGV cheio de gente, que foi exibido o documentário "Ainda há pastores", do qual já falei aqui anteriormente. A confusão era muita à entrada, com as pessoas, confiantes em que seria uma noite calma, se depararam com uma fila enorme, provando que o "hype" começa a instalar-se, e a reportagem da Sic deu frutos.

Começou com meia hora de atraso a projecção do filme, e se as minhas expectativas eram altas, estas foram claramente superadas. O documentário é mesmo muito bom!!! A fotografia é excelente, embora nesta projecção as cores estivessem pouco saturadas, mas com o que já vi na net, penso ter sido um problema da projecção, e certamento no dvd, as cores estarão mais vivas.

A história que o filme se propõe contar é simples, é a história de uma aldeia situada num vale, onde ainda resistem 10 pastores, centrando-se o filme no gradual desaparecimento da profissão, com um destaque especial no Hermínio, o pastor mais novo, fã devoto do Quim Barreiros, andando atrás do rebanho pela serra com um rádio a tocar as cassetes do seu idolo, e que vais resistindo às tentações das grandes cidades, vivendo uma vida de isolamento e dificuldades. No entanto as dúvidas de Hermínio são muitas, e vai pensando em abandonar o vale, assunto bastante explorado no documentário.

Em torno da história do Hermínio há outras histórias paralelas, como a "velhota" que aos 83 anos resiste ao apelo dos filhos para que vá morar com eles na cidade, correndo ainda atrás de 3 cabras, guardando-as pela serra. Ou a história do pastor que se vê obrigado a vender todo o gado, depois da morte do seu único empregado, não podendo ele, devido à idade tomar conta do rebanho. E por último, a história das duas crianças, a que o pai, insensível ao que os livros lhes podem ensinar, os obriga a trabalhar no campo, tendo a filha mais velha deixado de estudar aos 13 anos.

São estas as histórias principais do "Não há pastores", filme que nos consegue divertir, emocionar e provocar uma sensação estranha, até de algum desconforto, ao ver as diferenças sociais que ainda há em Portugal. No fim houve ainda tempo para uma sessão de perguntas e respostas com os autores, que se tornou bastante animada, entre elogios e alguns ataques, de pessoas que vêm a exposição de Hermínio como uma forma de gozo, facto prontamente desmentido pelos autores, e com o qual concordo completamente. Quem vê o filme como uma forma de gozo são as pessoas que vão ver o filme com o intuito de gozar com o Hermínio, e não as pessoas que vão para conhecer o Hermínio e a sua aldeia. Parte tudo da natureza de cada um.

Segundo os autores, estão a lutar para conseguir que alguém edite o dvd, e a melhor forma de o conseguirem é continuarem a encher salas como o TAGV, por isso vão ver, é obrigatório. Passem pelo blog do filme para saberem datas, e não percam a oportunidade de o ver.

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